Conversando com diversos dirigentes espirituais, principalmente quando o assunto é colocado em pauta pelos mais antigos na religião, um tema é quase que unânime quando se trata de falar sobre as diferenças entre o que era feito em outrora e como a Umbanda caminha nos dias atuais: a falta de compromisso espiritual dos novos adeptos.
Infelizmente, uma das coisas mais comuns em terreiros é a entrada de um novo integrante na corrente mediúnica que chega cheio de vontade, aberto a participar de tudo que a casa precisa mas que, em pouco tempo, mostra que tinha mais assiduidade como um membro da assistência do que como médium na gira.
É notório que a sociedade atual incentiva o descompromisso com a fé em relação aos anseios pelo ganho financeiro ou ainda, pela busca de momentos de lazer, ficando o encontro com o Sagrado em segundo ou até, terceiro plano. Não é a toa que vivemos num mundo doente, onde as pessoas ficam, o tempo todo, procurando prazeres falsos, que na maioria das vezes em nada servirão para melhorá-las, seja no campo pessoal, profissional, educacional e muito menos, espiritual. Estão sempre em busca de momentos especiais que duram alguns segundos, embora aparentemente se eternizem nas fotos postadas nas redes sociais.
Além disso, tudo o quanto é tipo de desculpa torna-se motivo para o não comparecimento aos trabalhos espirituais: chuva, frio, calor, visita em casa, cansaço, trânsito, enfim, tudo aquilo que, em outras épocas, era muito mais complicado do que nos dias atuais e, mesmo assim, os filhos-de-fé daquela época não deixavam de cumprir com seu papel.
Tal atitude gera um problema, não só para a instituição que, muitas vezes conta com aquele elo da corrente para determinada função, mas principalmente para o próprio médium que esquece ou pouco se importa com o compromisso assumido, não só com o mentor espiritual do núcleo espiritual a qual escolheu para fazer parte, mas também, com os Senhores do Karma, para quem, antes mesmo de reencarnar, acertou que nasceria com essa missão para que, através dela, pudesse atuar na prática da caridade e assim, continuar a marcha em busca da sua evolução espiritual.
O terreiro de Umbanda é um hospital e como tal, precisa de sua equipe completa em todos os plantões.
Seja responsável e se no dia da gira te chamarem para outro evento que não seja uma obrigação real que vá afetar seu lado pessoal, familiar, profissional, saúde ou dos estudos, diga: "Hoje não posso! Tenho terreiro".
Saravá!
Por Sandro Mattos