O que é Umbanda Branca?

A Linhagem de Umbanda Branca, dentro do contexto da Umbanda UNA, cheia de cores, rituais distintos e acima de tudo, muito amor ao próximo.


Muito se fala em não utilizarmos sub-denominações quando nos referimos a religião de Umbanda.
A Umbanda é, sem dúvida, uma religião UNA, ou seja, tem uma base ÚNICA, uma ESSÊNCIA PRÓPRIA e seu nome já diz: UM (única) BANDA (lado, parte), porém, dentro da sua singularidade, existem particularidades que diferenciam as diversas instituições quando se diz respeito à sua forma de praticá-la.
No UNO encontramos a “manifestação do espírito para a caridade”, falada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas em 1908. E isso pode ser observado até mesmo nas casas que não crêem que o nascimento da Umbanda foi em Neves – Niterói/RJ, com o médium Zélio Fernandino de Morais.
No UNO veremos também a presença, sempre marcante, dos Caboclos e Pretos Velhos, a base filosófica e ritualística da religião, com suas formas bem típicas de trabalhar.
Teríamos outras observações a serem colocadas dentro do UNO, do UM da BANDA, mas não podemos deixar de relatar que, assim como aconteceu com outras religiões, a Umbanda cresceu, durante um tempo até de forma desordenada, e, com esse crescimento, novas formas de atuação, visão e conhecimento foram surgindo. Lembrando que a religião umbandista não tem um livro base, uma única direção literária, ou mesmo uma administração central que rege suas diretrizes ritualísticas, como ocorre em outros segmentos como o Católico e Espírita, temos, como principal fonte de informações, os ensinamentos baseados no conhecimento das entidades manifestantes nos milhares de terreiros pelo Brasil e mundo afora e a tradição oral somada ao conhecimento adquirido de cada sacerdote em sua vida religiosa, pré e pós seu acesso ao culto umbandista. Se levarmos em conta que cada espírito tem sua individualidade (não existem dois seres idênticos no universo) fica fácil perceber o porquê destas diferenças entre as casas, mesmo dentro de uma base similar. Se lembrarmos que cada entidade tem um grau de conhecimento e elevação espiritual próprios, essas diferenças ficam ainda mais fáceis de serem identificadas. Tudo isso sem esquecer que tratamos com mentores de linhas, falanges e bandas que muitas vezes, em nada ou quase nada se assemelham, tanto nas diretrizes de trabalho, como nas especialidades.
Tudo isso foi colocado, para mostrar que o referido artigo não tem a pretensão de indicar que este ou aquele segmento é o correto, que este ou aquele fundamento é o único, muito pelo contrário, mas sim, o de levar aos irmãos desta maravilhosa religião, um pouco sobre uma das partes que se une a esse conjunto: a Umbanda Branca. 
Umbanda tem cor? Na maioria das vezes, essa é a primeira questão colocada, quando se tenta falar em Umbanda Branca. A resposta, do ponto de vista energético, é: claro que tem, e não é só branca, mas sim, a Umbanda vibra em várias cores, dependendo do trabalho realizado.
Então, porque usar o termo “Branca”? O que fez com que esse termo fosse o escolhido? Simples: o branco representa a paz, a limpeza (física e espiritual) que todos procuram num templo religioso. É a cor de Oxalá, que nos cultos que possuem influência afro (entre eles, a Umbanda), é tido como o Orixá Maior. É também a cor que significa justamente a união, pois lembramos que o branco surge exatamente da conjunção das cores. A mesma ainda tem relação com a força que o culto vai trabalhar: a MAGIA BRANCA, que cura, abre caminhos e traz a harmonia aos seres da Criação Divina. Aliás, o termo, Linha Branca de Umbanda não é algo recente, pois vem desde as primeiras décadas do culto no Brasil.
Por essa explicação, caem por terra algumas teorias de adeptos que não praticam essa linhagem, mas que, mesmo a distância, indicam que a mesma seja uma forma preconceituosa de atuar na religião, chegando alguns, inclusive, a mencionar que a mesma seria uma "Umbanda de brancos", onde não se permitia a presença de negros em seu ritual. Tem ainda quem pregue que seja um "embranquecimento" da religião. Em ambos os casos, tratam-se de colocações infelizes, que quem desconhece essa linhagem, ou, o que seria ainda pior, uma posição maldosa, feita por quem não aceita uma casa que tenha como princípios uma religiosidade mais cristã. Uma vertente umbandista com preconceitos relacionados à cor da pele ou mesmo à alguma cultura contradiria tudo o que é a própria Umbanda, uma religião miscigenada, que tem como mentores, principalmente, os espíritos de negros e de índios ancestrais. Desta forma, é claro que esse tipo de acusação trata-se de uma falácia. A Umbanda Branca, assim qualquer outra vertente ritualística, tem e sempre terá espaço para todos, encarnados e desencarnados, que queiram praticar a caridade, dentro dos padrões ritualísticos que a mesma tem em seus fundamentos básicos, afinal, esse é um dos lemas da Umbanda. 

Falando sobre suas características, muitos indicam que a Umbanda Branca é aquela que não trabalha com Exu, não tem atabaque, não usa fumo. Usar apenas isso como descrição pode ser um engano, pois, tudo vai depender do fundamento de cada casa. Mesmo em terreiros que seguem uma prática similar, dificilmente encontraremos dois centros que trabalham exatamente da mesma forma, até porque, como já foi dito, cada mentor tem identidade, grau de evolução e conhecimento próprios.
Existem casas que aboliram tudo: atabaques, imagens, fumo, colares e guias, etc., mas existem as casas de Umbanda Branca que utilizam umas coisas e aboliram outras.
Entre as principais características que poderiam mostrar que a instituição é da chamada Linhagem de Umbanda Branca, é:

- não ter em seus rituais a ingestão de bebidas alcoólicas pelas entidades manifestadas;
- não adotar o uso de fumo pelas entidades ou, quando utilizado, sempre é de forma moderada, nunca ultrapassando os limites do uso especificamente litúrgico e se necessário.
- não cobrar atendimento espiritual em hipótese alguma, seja passes, consultas ou trabalhos especiais;
- não adotar a pratica de mancias (leitura de mão, cartas, jogo de búzios, entre outros);
- não praticar sacrifício de animais;
- não fazer trabalhos que venham prejudicar terceiros, trabalhos amorosos ou com interesses mesquinhos;
- ter a preocupação em levar conhecimento do evangelho cristão e da doutrina umbandista;
- quando possível, praticar ações sociais ou assistenciais;
- não utilizar ou utilizar muito pouco, vestimentas ou paramentos que fujam ao branco ritualístico das vestes;
- não realizar alguns rituais como recolhimento em camarinhas, catulagem, feitura de santo.
- respeito ao meio ambiente;
- pode ainda ter influências marcantes tanto do espiritismo kardecista, como do catolicismo (devido a sua base essencialmente cristã), além de absorver conhecimentos da cultura oriental, especialmente no trato das questões sobre espiritualidade e energia.

No mais, a Umbanda Branca tem tudo aquilo que qualquer outra segmentação umbandista tem, pratica e utiliza, pois como foi dito, a mesma também faz parte do UM desta BANDA que nos envolve.
Ainda assim, pode ter aquele irmão ou irmã que vai perguntar: se existe Umbanda Branca, porque não encontramos a Umbanda Negra? Bom, se a prática dentro da instituição for mesmo umbandista, não se praticará nada que se refere à magia negra ou negativa (ato de usar elementos, rituais, rezas e outras práticas para realizar trabalhos voltados para o mal ou que firam a ética e a moral). E antes que o leitor faça alguma relação equivocada, é bom explicar que, a magia negra aqui indicada não tem nenhuma relação com a magia africana, até porque o uso da magia negativa (ou magia negra, como sempre foi chamada ao longo dos tempos) é relatada na história da humanidade desde os seus  primórdios, nas mais diversas culturas e em todos os continentes. Assim, em resumo, se for praticada esse tipo de magia, não é Umbanda, portanto, do ponto de vista de tipo de energia movimentada, é obvio que não existe "Umbanda Negra" ou "Umbanda Negativa". O que existe são pessoas que se escondem atrás do nome da religião para fazer esse tipo de coisa, na maioria das vezes, para angariar algum tipo de lucro material.
Então, baseados nessa explicação, poderíamos falar que todas as Umbandas são Brancas? Do ponto de vista da magia utilizada, cremos que sim. Porém, ritualisticamente, é claro que não, uma vez que existem outras segmentações dentro deste mesmo UM da BANDA, todos voltados à prática umbandista, com seus rituais similares entre si, porém, também com suas particularidades.
E quanto aos nomes, às denominações; porque utilizá-las se somos todos da mesma BANDA, deste caminho, do UM que nos leva a Deus?
Simplesmente para mostrar aos confrades, irmãos de fé e simpatizantes qual é a ritualística de cada templo. Isso facilita a compreensão tanto dos membros das instituições, como, principalmente, dos muitos que procuram os terreiros em busca de auxilio ou de um direcionamento religioso. A Umbanda é uma colcha de retalhos que tem sua força exatamente nesta diversidade, pois sempre tem uma porta aberta para todas as pessoas que a procura. E aquele que não de identifica com uma casa, cedo ou tarde se encontrará espiritualmente em outra. E isso vale inclusive para o corpo espiritual que fará parte daquela egrégora.
Uma classificação não tem como objetivo separar, mas sim, organizar, até porque, no fundo, se olharmos bem, veremos que teremos em todos os núcleos, sejam eles chamados de terreiros, centros, associações, ou tendas, um pouco de cada subdivisão, e, à partir daí, o que fará com que associemos uma instituição a fazer parte de um conjunto global e similar de rituais, será a maior ou menor quantidade de características desta ou daquela denominação.
Assim, além da Umbanda Branca, que é essencialmente cristã, evolutiva e doutrinária (relembrando que todas as tendas usam desta força: a magia de amor e paz, a energia da magia branca) encontraremos outras tantas vertentes marcantes e bem conhecidas no nosso meio, todas com uma doutrina a ser seguida, mas que acabam influenciando a religião como um todo, pois, praticamente todas as casas terão alguma coisa de todas elas, como por exemplo: a Umbanda Tradicional (muito embora todas as tendas devem e muitas procuram manter a tradição para não perdermos nossa raiz, muito embora cada uma tenha novas visões do conjunto ritualístico), a Umbanda Esotérica (mesmo que todas as casas possuam um pouco de esotérico em seu ritual, desde o uso de sinais, incensos e outras coisas mais), a Umbanda Cabalística (note que o ponto riscado utilizado pelas entidades de todos os terreiros é uma expressão típica dos cultos cabalísticos), a Umbanda Sagrada (em resumo, a Umbanda por si só é sagrada, não é mesmo?), a Umbanda Africanista (o umbandista da maioria das casas saúda as energias divinas ou seres de alta elevação, independente da forma de visualizar essas forças, chamadas de Orixás, bem como utiliza termos próprios dos cultos de raiz africana), entre outras formas de se praticar a CARIDADE e o AMOR AO PRÓXIMO, preconizados dentro de cada terreiro, unindo conhecimentos diversos, numa mesma base filosófica e religiosa, ou seja, neste mesmo UM que une todos nós nesta BANDA, que acima de tudo é DIVINA e que tem, como principal objetivo, elevar nossos padrões de conhecimento e grandeza espiritual.
Umbanda é Umbanda, independente das diretrizes tomadas, mas é, acima de tudo, a religião que nos dá a certeza que somos todos filhos de um mesmo PAI, seja ele chamado de Zambi, Olorum, Tupã ou Deus.

Sandro da Costa Mattos – texto escrito em 05/01/2011
Ogã Alabê da APEU – Associação de Pesquisas Espirituais Ubatuba
Coordenador da Web Rádio Raízes de Umbanda
Sites: www.apeu.rg.com.br e www.raizesdeumbanda.com
Contato: scm-bio@bol.com.br

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