Por Rodrigo Queiroz
- Venha filho, vamos caminhar.
Assim anunciou o
velho Pajé, balançando um maracá, quando me dei por conta estava em meio a uma
clareira em plena mata virgem, árvores frondosas e maravilhosas raramente vistas
no plano físico da vida. Ele me conduziu para uma estreita trilha.
- Filho vamos
para uma experiência importante, é necessário que não dê tanta importância a
beleza do lugar, mas sim apure seus sentidos, visão, olfato, tato, paladar e
serenidade. Perceba a textura do chão no seu pé, a leveza das folhas em suas
mãos, o cheiro de ervas no ar e a brisa fresca a acarinhar sua face.
- Posso sentir o
gosto de seiva na boca Pajé.
- Sinal que já
está próximo do que quero filho. Respire fundo e feche os olhos.
- Pajé, posso
enxergar com olhos fechados! – exclamei emocionado.
- O que vê
filho?
- Vejo troncos de
luz, silfos, salamandras, folhas irradiantes…
- Lentamente abra
os olhos.
- Sim…
- Continua
vendo?
- Nitidamente
Pajé…
- O que vê filho
é a vida neste reino natural, tão mal percebida pelos encarnados e infelizmente
entre os próprios fiéis do culto á natureza.
-
Umbanda?
- Sim.
- Apure sua visão
e perceba que é possível ver a seiva circular dentro das arvores, escutar o
coração bater no peito dos pássaros e experienciar a presença dos entes
invisíveis ao olho material, que são eles, os duendes, gnomos, fadas, silfos,
ninfas e tanto mais.
- Quanta beleza
Pajé!
- Quanta vida
filho, quanta vida!
- Sim,
pulsante…
- Agora me
acompanhe.
Nos dirigimos a
outra clareira, lá tinha muitas pessoas, vestidas de branco, colares, atabaque e
muitas frutas, logo notei que se tratava de um terreiro pronto a iniciar uma
atividade, curioso fiquei a observar atentamente, encantado com o toque
harmônico da curimba e os raios de luz que espargiam no ambiente em direção dos
presentes a cada batida das mãos no couro. Alguns outros se organizavam para no
meio da roda depositar as oferendas, muitas frutas, velas, incensos, bebidas.
Conseguia visualizar a luminosidade aurica de cada um, em cores e tons dos mais
variadas.
- Filho, este
grupo de cultuadores da natureza divina, está realizando um culto de exaltação
ao senhor das matas…
- Pai
Oxossi!
- Sim, e para
tanto é comum postar oferendas em seu louvor, na Umbanda recorremos ao uso da
natureza, como frutas, pedras, bebidas, incenso etc. Dispensando qualquer uso de
imolação de animais.
- Sei Pajé,
compreendo e tenho pra mim que é o correto, somente que muitos que cruzam o
culto de umbanda com o africano recorrem á praticas da imolação…
- Sim filho,
porém não vamos acessar este assunto no momento, vamos nos ater a esta liturgia
de hoje e colher as impressões pertinentes.
- Sim
Senhor.
Ele calado
sacudia seu maracá e eu observando tudo, vi que as frutas emitiam luzes e quando
cortadas era como que se abrisse uma caixa de luz, que de dentro um clarão
escapava e por alguns minutos ficavam ali a iluminar e criando um campo de luz e
energia indescritível. Quando a curimba acelerou o toque vi um portal se abrir
na frente da oferenda e dele dezenas de caboclos, caboclas e encantados saíram,
abraçaram todos os presentes, dançavam e cantavam. Realmente era uma festa, uma
exaltação e finalmente entoam o ponto.
…As matas estavam
escuras…e um anjo a iluminou…e no centro da mata virgem…foi Oxósse quem
chegou…mas ele é o rei ele é o rei ele é o rei…
As folhas no chão
começaram a voar e as entidades presentes em reverência batiam a cabeça ao chão,
quando como que uma explosão e uma luz cegante se fez presente um emissário do
Sr. Oxossi, sua luz verde era intensa que não pude me manter com a cabeça
levantada, os caboclos ajoelhados bradavam em reverência e louvor, do lado
físico alguns médiuns entravam em transe energético e a curimba acelerava o
toque, poucos segundos passados novamente a explosão e Oxossi se
recolheu.
Na oferenda a luz
era mais intensa.
Com os médiuns em
oração e ajoelhados, as entidades estendiam as mãos em direção a oferenda e o
inusitado acontecia. Dos elementos saiam uma substância esverdeada parecido com
uma massa elástica que eles moldavam e iam aplicando nos fiéis presentes,
rapidamente era absorvido pelos chakras e a luminosidade do corpo aurico deles
era modificado, sutilizava e irradiava mais. Por alguns minutos este
procedimento ocorreu e as entidades se recolheram para o portal
mencionado.
- Viu filho,
nenhuma entidade comeu as frutas.
- Mas eles não
precisam comer para ficar tratado?
- Não filho,
compreenda que somos de uma dimensão bem mais sutil que a de vocês e se nos
aventurássemos a ingerir o prâna dos vegetais do plano físico nos traria grande
desarranjo energético, quando precisamos nos “alimentar” encontramos o mesmo em
nossa esfera e não na de vocês.
-
Entendo…
- Entenda também
que fora a liturgia religiosa, a necessidade de oferendas são para vocês mesmos
que quando encarnaram perderam a capacidade de extrair o prâna da natureza e
recorrem a esta prática para que nós os mentores os auxilie na extração e
aplicação do prâna em vocês mesmos.
- Para
que?
- A fim de
sutilizar vossas energizar, equilibrar os chakras, curar doenças e muito mais.
Também guardamos para os médiuns usarem nos atendimentos.
- Pajé de onde
tiram tantas teorias que só ajudam a complicar a compreensão?
- Talvez das
observações limitadas ao próprio conhecimento, ruim é quando saem do bom senso e
fundamentam suas teorias no absurdo.
- Podemos fazer
sempre oferendas?
- Sim, quando e
onde bem entender e lá um de nós estaremos a auxiliar na extração do
prâna.
-
Incrível.
- Agora vamos
filho, logo em breve retomamos esta prosa para aprofundamentos práticos,
aproveite e vamos ensinar estas práticas…
Acordei após
estas palavras, poderia ser um sonho…quero como uma revelação…
Saravá!
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