Numa rede social, em um
bate-papo sobre os desafios de uma sala de aula inclusiva, duas educadoras
conversavam sobre a forma como as crianças com necessidades especiais são
comumente deixadas de fora de jogos e brincadeiras, principalmente as que
pressupõem vencedores e perdedores.
Uma das professoras postou um
relato emocionado:
Tenho uma aluna com baixa
visão. Na realidade ela não enxerga nada. Sempre é a última a ser escolhida nas
brincadeiras.
Levei um jogo de boliche para
as crianças brincarem e ela foi a última a ser escolhida no time. Dava até para
ouvir os comentários das crianças sobre a impossibilidade dela acertar os
pinos.
Peguei na mãozinha dela, pedi
que se concentrasse e percebesse o caminho, que fizemos juntas.
Pedi silêncio aos alunos.
Houve algumas risadas, mas quando ela pegou a bola e lançou... Strike!
Em todas as rodadas ela fez
strike. Impossível descrever a alegria dela no primeiro strike e nos seguintes.
Muito menos a cara de espanto dos colegas, principalmente daqueles que se
achavam os melhores e desdenharam dela.
Eu amo essas crianças. São
maravilhosas e ensinam muito, a todos nós.
* * *
Essa professora, além de ser
uma inspiração, nos faz refletir sobre como nos comportamos diante de crianças
especiais e como estamos preparando a infância de hoje para o futuro.
Um dos grandes problemas de
nossa cultura é priorizar a competição. Na competição, aprende-se que é preciso
vencer e quem fica para trás é fraco.
Crianças que possuem ritmos
diferentes, dificuldades e limitações são desvalorizadas. Muitas delas são
simplesmente descartadas de jogos e brincadeiras. Até mesmo do convívio com as
demais.
A competição estimula o orgulho
naqueles que se acreditam melhores e perseguem a vitória sempre, não importando
o preço.
Perdem, assim, oportunidades
preciosas de aprender o valor da cooperação.
Atitudes cooperativas não
priorizam vencer uns aos outros, mas unir forças para superar dificuldades e
obstáculos.
Quem coopera ganha em
parceria. Não há apenas um vencedor.
Na cooperação não deixamos os
colegas para trás. Não precisamos chegar na frente. Não nos preocupamos em
sermos os primeiros, os maiores.
Na competição, julgamos que
precisamos ser os melhores e isso alimenta nosso orgulho, que nos afasta das
pessoas.
Na cooperação, a fraternidade
alimenta o amor e o amor nos conecta com o próximo.
Mas existe um tipo de
competição que traz bom resultado.
Vencer os próprios defeitos e
imperfeições, deixá-los para trás, superá-los, principalmente aqueles que
afastam do bem e causam problemas, como o orgulho e o egoísmo, é competir
vencendo o mal em si mesmo.
É preciso ensinar para nossas
crianças o valor da cooperação e o real significado da vitória, não daquela que
exclui os demais e os diminui.
Lecionando o valor da vitória
sobre aquilo que provoca dor e sofrimento, estaremos colaborando para formar
uma geração de pessoas mais preparadas para ouvir, compreender, amar, enfrentar
dificuldades.
Estaremos preparando-as para
ajudarem umas às outras, chegando, todas, em primeiro lugar no pódio do bem.
Redação do
Momento Espírita, com base em fato.
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