“Ori” é um termo africano de origem iorubana e de forma
direta significa “cabeça”. De “Ori” também chamamos o orixá individual da pessoa,
ou seja, sua centelha divina, parte da essência provinda do Ser Supremo.
Não à toa que existem algumas orações específicas para o Ori
e ao traduzi-las, notamos grande semelhança com mantras e palavras de poder
usadas em outras manifestações espiritualistas, ocidentais e orientais. Isso
nos mostra que esse nosso “EU INTERIOR” é vivo, divino e pode ser
potencializado.
Os médiuns possuem centros energéticos por onde se
manifestam em maior ou menor intensidade as energias dos orixás e de seus mentores
espirituais. Conhecidos como chakras, um deles tem papel de vital importância
para esse contato: o coronário, situado na parte de cima da cabeça, na chamada “coroa”.
É exatamente onde vibra esse ponto energético vital do Ori.
Não é à toa que várias religiões banham esse local. Um dos exemplos
está no ritual do batismo, praticado em vários segmentos. Nas religiões que
possuem influência afro e indígena, como a Umbanda, teremos ainda o banho de ervas
conhecido como amaci (com até 21 ervas) ou o ariaxé (quando é feito com 49
elementos naturais entre folhas, flores, sementes e raízes). Esse ritual tem a
intenção de reequilibrar as energias e potencializá-las em favor de um melhor
desempenho mediúnico.
Também é nesse ponto que um dos mais antigos rituais de
iniciação, o cruzamento na Lei de Pemba vincula o “filho” ao “pai”, o “neófito”
ao “dirigente”, o “médium” ao “mentor espiritual da casa”. É nesse ato que
nasce o vínculo do novo membro de uma corrente aos fundamentos deste terreiro, ao
“Pai ou Mãe de Santo” e ao Guia Chefe da casa.
Outros tipos de iniciação poderão utilizar-se de elementos
ou rituais diferentes, mas notem bem, sempre teremos a cabeça como o ponto central
de ligação.
Essa relação que une o médium aos fundamentos da casa, ao
seu mentor e à sua doutrina é importantíssima.
É comum observarmos, no chamado “adubalê” (ato de bater
cabeça no congá ou fundamentos do terreiro) o comandante da gira cruzar ou
abençoar a coroa dos seus filhos da corrente. Já ouviu o termo “zelador de
santo”? Vem justamente daí: deste cuidado que aquela pessoa que comanda uma casa
precisa ter para com o Ori dos seus filhos de fé, do zelo pelo equilíbrio da
mediunidade daqueles que o aceitaram como “Pai” ou “Mãe”, “padrinho” ou “madrinha”.
Também é um ato de troca de respeito, afinal, neste momento o médium mostra seu
respeito ao dirigente e à sua espiritualidade e este retorna, em forma de
bênção, saudando os mentores daquela coroa.
Mas aí vem a pergunta que não quer calar? “É verdade que não posso deixar outras pessoas colocarem a mão na minha cabeça?”. Bem, é importante salientar que o risco existe, mas que também vai depender muito da intenção colocada no momento ou do nível vibracional da pessoa que está tocando sua cabeça. Além disso, sabemos que um médium que cumpre com todas as suas obrigações, tem disciplina, ética e moral e que busca manter esse contato mente-espírito com seu guia espiritual, tem uma proteção muito mais alinhada com seus mentores espirituais.
Numa situação de visita, até por questão de ética e
responsabilidade, não se deve tocar na cabeça de um filho de outro terreiro. Então
seja prudente. Já dentro da sua família espiritual, siga as devidas instruções passadas
pelo mentor-guia e deixe que aquele que zela seja então cúmplice deste cuidado,
afinal, apesar de termos a dádiva de ter sido escolhidos pelo plano espiritual
para cumprir uma missão direcionados por um missionário que cuida desse centro
energético chamado “coroa” e que tem em seu centro vibratório o “ori”, cabe a
cada um de nós fortalece-los e protege-los com bons sentimentos e pensamentos.
Orai e vigiai.
Por Sandro Mattos
Alabê da APEU
Associação de Pesquisas Espirituais Ubatuba
São Paulo – SP – 30/01/2023
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